Fronteira Noroeste

Condições climáticas variáveis dificultam plantio do trigo no RS

Algumas áreas cultivadas com trigo no Rio Grande do Sul estão enfrentando desafios devido às chuvas frequentes, que têm atrasado a semeadura. Em outras, a alta umidade do solo tem retardado a emergência e o desenvolvimento das lavouras, cujo plantio avançou pouco no período e chegou a 85% da área estimada para esta safra, que é de 1.312.488 hectares nesta safra. A situação reflete a diversidade climática do Estado e suas consequências para a cultura de trigo.

De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (18/07) pela Emater/RS-Ascar, na região administrativa de Bagé, o plantio do trigo está quase concluído na Fronteira Oeste, mas há apreensão por parte dos produtores em razão dos custos elevados de produção e dos preços pouco atrativos do grão. Em média, os agentes financeiros disponibilizaram R$ 3.150,00/ha para custeio das lavouras, exigindo produtividade de 45 sc./ha para cobrir os custos, além dos encargos financeiros, das despesas com seguro e arrendamento. Na Campanha, os produtores de Hulha Negra, Candiota e Aceguá enfrentam dificuldades para acessar insumos, em função das restrições de crédito, resultado de uma safra de verão frustrada pelas chuvas excessivas de maio. Esse contexto pode levar ao estabelecimento de lavouras com baixo nível tecnológico e menor potencial produtivo. No município de Bagé, alguns produtores desistiram da cultura, optando pela aveia, que pode ser utilizada de diversas formas. Em Caçapava do Sul, o plantio foi concluído, sendo o único município da Campanha com a semeadura completa.

Cevada – A cevada no Rio Grande do Sul apresenta um panorama variado nas diferentes regiões. Em geral, o desenvolvimento foi prejudicado pelo clima úmido e encoberto, afetando o crescimento inicial das plantas. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, dos 12.460 hectares previstos para o plantio, 98% estão plantados. Essa área plantada está em fase de emergência e desenvolvimento vegetativo, e as primeiras lavouras estão em perfilhamento. O clima muito úmido e com baixa insolação tem afetado o desenvolvimento inicial da cultura, ficando aquém das expectativas dos produtores.

Canola – As lavouras, em geral, estão bem implantadas e passam por fases distintas de desenvolvimento vegetativo, floração e enchimento de grãos. As condições climáticas recentes, como baixas temperaturas e alta umidade, têm gerado preocupação em algumas áreas, afetando o desenvolvimento e a produção esperada. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, a área cultivada foi revisada para cima após reuniões municipais, alcançando 52.324 hectares na região, o que representa um aumento de 56% em relação à safra anterior. As lavouras estão distribuídas nos seguintes estádios fenológicos: 74% em desenvolvimento vegetativo, 21% em floração e 5% na fase de enchimento de grãos. Na região de Passo Fundo, a área implantada chega a 3 mil hectares. A geada recente afetou algumas lavouras de maneira localizada, mas os danos ainda serão avaliados. Não foram registrados prejuízos severos de maneira generalizada.

Aveia branca – A aveia no Rio Grande do Sul apresenta desenvolvimento variado, mas a maioria das lavouras está nas fases de germinação e vegetativa. As condições climáticas úmidas têm favorecido o aparecimento de doenças foliares e prejudicado o crescimento em algumas regiões.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, apesar do bom desenvolvimento inicial, as condições climáticas paralisaram o desenvolvimento da cultura. Nas lavouras de aveia branca em estádios mais avançados – florescimento e formação de grãos – foram observadas panículas com número reduzido de espiguetas viáveis, o que deve afetar a produtividade, estimada em 2.552 kg/ha, mas ainda é cedo para verificar. Em relação ao estado fitossanitário, a ferrugem tem exigido manejos preventivos e curativos robustos. Entre as fases, 60% da cultura está em germinação e desenvolvimento vegetativo, 30% em florescimento e 10% em enchimento de grãos. Na região de Santa Maria, o plantio de aveia branca para grãos está quase finalizado, passando de 92%. As precipitações recentes contribuíram para um melhor crescimento das lavouras, que estão majoritariamente na fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, embora algumas áreas tenham alcançado o início da floração. A estimativa é de 41.445 hectares.

OUTRAS CULTURAS

Erva-mate – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, a colheita da erva-mate está em andamento, com produtividade média de 800 arrobas por hectare. Os elevados índices de chuvas e a baixa incidência de sol têm reduzido o ritmo da colheita. Há expectativa de aumento na área plantada, especialmente em municípios não tradicionais na cultura. Os preços praticados atualmente são de aproximados R$ 17,00/arroba do produto posto na indústria e R$ 10,00/arroba para a erva-mate na planta.

Na região de Passo Fundo, continuam os tratos culturais e os tratamentos fitossanitários preventivos, além da rustificação de mudas de erva-mate para o plantio. Há uma tendência de sobra significativa de mudas não comercializadas, devido às condições climáticas e econômicas desfavoráveis. Nas áreas de cultivo, o excesso de chuva tem causado erosão, deslizamentos, inundações e queda de folhas, contribuindo para o acesso precário das estradas. A industrialização foi normalizada, mas algumas indústrias ainda enfrentam baixos estoques, em razão da dificuldade na aquisição de folhas. A exportação da região segue regular. Os preços praticados são os seguintes: erva-mate folha (entregue na indústria), a R$ 18,50/arroba; erva-mate folha – Cultivar Cambona 4 – (entregue na indústria), a R$ 20,00/arroba; e erva-mate cancheada (até 20% de palito), a R$ 5.000,00/t. O preço da muda de erva-mate é de R$ 1,50/unid.

Na região de Soledade, os produtores de erva-mate estão intensificando o plantio de mudas, que estava bem atrasado, além de aumentarem a colheita. O corte está sendo realizado com cuidado em função dos danos causados pela geada; parte das ramificações tem sido deixadas na planta para proteger as novas brotações. Houve reação positiva no preço da arroba da erva-mate, e os valores estão variando de R$ 19,00 a R$ 23,00/arroba, em Itapuca e Mato Leitão.

Foto: José Schafer, extensionista da Emater/RS-Ascar, na região de Santa Rosa