Fronteira Noroeste

Soja atinge 25% da área projetada para safra de verão no RS

As condições climáticas chuvosas em grande parte do Estado prejudicaram o avanço do cultivo da soja no Rio Grande do Sul, resultando na suspensão ou no avanço pouco expressivo da semeadura. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (23/11) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), na Região Sul, a ocorrência de volumes menores de chuvas possibilitou um progresso mais significativo. A área semeada alcançou 25%. Nas lavouras ao Norte, onde incidiram intensas chuvas, houve considerável escorrimento superficial do solo, provocando erosão e formação de sulcos e voçorocas em parte das lavouras recém-semeadas, resultando em compactação nos sulcos de semeadura, além carreamento de sementes e fertilizantes.

Em razão da aproximação do fim da colheita de trigo, da conclusão da operação nas culturas de canola, de cevada e de aveia, bem como da retirada dos animais das propriedades com Integração Lavoura-Pecuária (ILP), as áreas para a soja estão liberadas e prontas para plantio, excetuando-se algumas que precisam de dessecação de manejo. Devido à previsão de continuidade do quadro climático adverso, os produtores estão investindo no aumento da capacidade operacional por meio de plantadeiras maiores e turnos ampliados de trabalho, para implantar a cultura dentro do período preferencial.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, em virtude das chuvas frequentes, a semeadura da soja permaneceu estagnada em apenas 15% da área esperada para a safra. Em anos anteriores, no mesmo período, a área semeada já ultrapassava a metade da previsão. Muitas áreas implantadas na semana anterior apresentam germinação desuniforme e baixo estande de plantas, sendo necessário o ressemeio em muitos casos. Na região de Erechim, foram plantados 30% da área, que se encontra em estágio de germinação e desenvolvimento vegetativo. O excesso de chuvas deve estender o plantio por um período considerado não preferencial para a operação. Na de Passo Fundo, a semeadura foi prejudicada e evoluiu apenas 5%, e a área implantada alcançou 45%. A cultura encontra-se em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo.

Segue o período de semeadura do milho, apesar de a atividade ter ficado em segundo plano devido às precipitações generalizadas em grande parte do Estado, à estratégia escalonada de plantio e à priorização da operação na cultura da soja. A área total plantada evoluiu apenas 1%, alcançando 82% de implantação. Na maior parte do Estado, há preocupação em relação ao processo de polinização da cultura. Durante os dias de precipitação, os grãos de pólen permaneceram úmidos, não sendo adequadamente transportados pelo vento e, assim, permanecendo aderidos à inflorescência masculina ou caídos no solo. Tal fenômeno pode interferir na formação de grãos e afetar a produtividade.

No milho silagem, a semeadura estabilizou em 2/3 da área estimada de plantio no RS. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar Erechim, 30% das lavouras estão em fase vegetativa e 70% em pendoamento/início de emborrachamento. Há significativa produção de massa vegetal nos cultivos, porém, observa-se má-formação das espigas, comprometendo a adequação para produção de uma silagem de alta qualidade.

Feijão 1ª safra – A semeadura permaneceu suspensa devido às chuvas. Aguarda-se a segunda safra em parte do Estado e o início do primeiro cultivo, programado para dezembro nos Campos de Cima da Serra, que detêm a maior área de cultivo estadual. Houve pequeno avanço na região Sul, onde se realiza o plantio em um único ciclo, de forma escalonada, e onde o volume das precipitações foi baixo. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, a semeadura do feijão 1ª safra foi realizada em pequenas produções, nos municípios onde os acumulados de chuvas foram baixos. A área semeada atingiu 70% da estimativa inicial. Nas lavouras, predomina o estágio vegetativo em 94% da área; 5% estão em floração; e 1%, em granação. Não há relatos significativos de pragas e doenças, e as lavouras apresentam bom estande de plantas.

Arroz – A implantação da cultura permanece próxima da conclusão na região Sul, mas impedida por chuvas em maior volume em parte dos munícipios. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, o clima desfavorável limitou o avanço no plantio, e as áreas já estabelecidas receberam aplicação de ureia e herbicidas por meio de aviação agrícola, durante períodos com abertura de sol. Em Santa Margarida do Sul, os produtores realizaram replantio em áreas afetadas por enxurradas. Já na de Pelotas, o processo de semeadura foi praticamente concluído em toda a região. Nos municípios onde as chuvas foram de baixa intensidade, o plantio avançou significativamente, abrangendo quase a totalidade da área projetada. Até o momento, foram semeados 98% da área planejada para a safra 2023/2024.

CULTURAS DE INVERNO

Trigo – A área cultivada de trigo totaliza 1.516.236 hectares. A produtividade estimada atualmente aponta produção de 2.164 kg/ha, representando redução de 28,38% em relação à projeção inicial. De modo geral, a redução no volume e na qualidade da produção obtida é reflexo do excesso de chuvas durante o ciclo produtivo, especialmente nas lavouras de ciclo mais tardios, que sofreram maior impacto. A área colhida alcançou 93%, restando 7% em maturação ou maduros, e algumas inviabilizadas para a colheita.

Aveia branca – A colheita está tecnicamente encerrada. A estimativa da safra aponta 355.914 hectares de área cultivada, com produtividade estimada de 1.991 kg/ha, representando diminuição de 14,88% na projeção inicial. Os resultados negativos são atribuídos aos fenômenos climáticos adversos, transcorridos no ciclo produtivo.

Cevada – A colheita foi encerrada. A estimativa de área cultivada é de 38.922 hectares, e a de produtividade é de 2.667 kg/ha, representando redução de 15,17% em comparação a 3.144 kg/ha projetados inicialmente. A safra foi caracterizada por frustração devido à redução no volume e à produção de grãos inadequados para o processo de malteação.

Canola – A colheita está encerrada, restando algumas áreas de menor expressão a Oeste e Norte do Estado. A área cultivada totalizou 74.419 hectares. A produtividade obtida é de 1.594 kg/ha, correspondendo à redução de 2,34% em 1.632 kg/ha, projetados no início do plantio. Apesar da pequena frustração, a cultura demonstrou desempenho produtivo e econômico superior em comparação aos demais cultivos de inverno. Esse aspecto suscita um aumento no interesse para o cultivo da safra 2024.

PASTAGENS E CRIAÇÕES

O excesso de chuvas continua causando perdas devido ao pisoteio nas pastagens, especialmente nas pastagens anuais de inverno. Além disso, foram observados problemas de erosão em lavouras onde foram plantadas pastagens anuais de verão e em áreas de milho recentemente implantadas. As chuvas também dificultam o acesso às áreas para a aplicação de adubação em cobertura.

BOVINOCULTURA DE CORTE – No geral, a situação na bovinocultura de corte permanece estável, com poucos negócios sendo realizados devido à limitação de acesso às unidades produtivas, causada pelo excesso de chuvas. É período reprodutivo, e os produtores que utilizam técnicas, como Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) ou inseminação com detecção de cio, já deram início ao processo das matrizes. A oferta de gado gordo está um pouco restrita, pois muitos produtores aguardam reações nos preços antes de aumentar as vendas, o que é esperado para o início de dezembro.

OVINOCULTURA – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em propriedades com animais de raças laneiras, os preparativos para a temporada reprodutiva já estão em andamento, enquanto os produtores de raças de carne focam na terminação dos animais para a comercialização a partir de dezembro. Na de Pelotas, continuam as atividades de manejo das esquilas e o desmame dos cordeiros. Embora a comercialização de animais esteja praticamente estagnada no momento, as expectativas são positivas para o próximo mês.