As chuvas ocorridas nos últimos períodos foram consideradas altamente benéficas para o cultivo de trigo no Rio Grande do Sul, cujo plantio em 1.312.488 hectares está finalizado. Em geral, a umidade no solo se normalizou, pois o período é de menor evapotranspiração. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (08/08) pela Emater/RS-Ascar, o aumento da umidade permitiu o manejo adequado da adubação nitrogenada em cobertura, proporcionando a recuperação do porte das plantas e o aumento da área foliar e favorecendo a emissão de perfilhos. A fase predominante das lavouras é o desenvolvimento vegetativo, com 98%, enquanto 2% estão em florescimento, e a produtividade prevista esta safra é de 3.100 kg de trigo por hectare.
As condições ambientais dias de sol após período de chuvas também permitiram a conclusão do plantio dentro do prazo indicado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que se estendeu até 31/07. A sanidade das lavouras permanece satisfatória. A maior parte está livre de doenças foliares, com exceção de algumas áreas mais úmidas, semeadas no início do período, ou onde o aumento da área foliar e a presença recente de umidade favoreceram a infestação. Em relação às plantas invasoras, os produtores estão realizando o controle conforme necessário, especialmente em azevém.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a cultura do trigo apresenta desenvolvimento satisfatório, e as plantas estão emitindo um maior número de folhas e ocupando melhor os espaços. A emissão de perfilhos está dentro da normalidade, com folhas novas de coloração verde-escura e mais vigorosas. Os produtores estão finalizando a aplicação de herbicidas e realizando a adubação nitrogenada em cobertura nas áreas em estádio de perfilhamento. Há presença de doenças, como oídio e ferrugem, nas áreas semeadas no início do período de zoneamento. Até o momento, o potencial produtivo é considerado adequado.
Aveia branca – A cultura segue beneficiada pelas condições ambientais desde meados de julho, quando as chuvas intercaladas por grande radiação solar permitiram a recuperação do desenvolvimento vegetativo das lavouras. Observou-se uma melhora visual na coloração das folhas, no tamanho das folhas novas e no engrossamento das hastes. Parte das lavouras de aveia branca implantadas mais tardiamente recebeu fertilização nitrogenada durante o período. De modo geral, o estado fitossanitário é satisfatório. A Emater/RS-Ascar estima área cultivada de 365.590 hectares, e a produtividade está projetada em 2.402 kg/ha.
Canola – A recorrência de dias ensolarados intercalados com precipitações favoreceu o desenvolvimento das lavouras e a recuperação de áreas que apresentavam desenvolvimento aquém do esperado. As lavouras de canola mais precoces, semeadas em abril e maio, apresentam menor densidade de plantas e potencial produtivo abaixo da projeção inicial, devido às chuvas inoportunas durante a germinação. Já as lavouras semeadas a partir de junho exibem uma população de plantas adequada, alto vigor, boa sanidade e desenvolvimento geral satisfatório, além de expectativa de boa produtividade. A Emater/RS-Ascar projeta 134.975 hectares cultivados com canola, e produtividade de 1.679 kg/ha.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, 50% dos 52.509 hectares cultivados com canola estão na fase de desenvolvimento vegetativo; 37% em floração; 11% em enchimento de grãos; e 1% na fase de maturação. As lavouras mais tardias estão começando o alongamento da raquis floral, indicando intenso acúmulo de biomassa aérea. Nas lavouras de implantação mais precoce, já é observado o enchimento das síliquas, especialmente aquelas localizadas na base da raquis.
Cevada – Na região onde se concentra a produção do cereal, ao Norte do Estado, as chuvas leves, ocorridas em 04/08, favoreceram as atividades de manejo, especialmente a adubação nitrogenada em cobertura. A projeção de cultivo é de 34.429 hectares, e a produtividade de 3.245 kg/ha. Atualmente, na região de Erechim, a cultura encontra-se predominantemente na fase de desenvolvimento vegetativo, e 5% da área cultivada, semeada no mês de maio, está em floração. Em Sertão, onde são cultivados aproximados 4 mil hectares com cevada, as lavouras apresentam bom desenvolvimento e mantêm a expectativa de produtividade inicial de 3.600 kg/ha.
OLERÍCOLAS
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em Dom Pedrito, o clima adverso dos meses anteriores ainda reflete em baixa oferta de olerícolas, e há necessidade de aquisições de produtos, tanto de municípios vizinhos quanto da Ceasa. Na de Ijuí, o período foi muito favorável para o desenvolvimento das olerícolas e para as atividades de preparo de novas áreas se plantio. O clima mais quente e a alta luminosidade aceleraram o crescimento das plantas, que emitiram folhas novas e bem expandidas. Destaca-se o desenvolvimento das brássicas, como repolho, couve-flor e brócolis, que apresentam plantas maiores e com excelente qualidade. Os produtores intensificam a colheita de mandioca e de batata-doce.
Na de Erechim, o retorno da luminosidade beneficiou o desenvolvimento das culturas, que está se normalizando, principalmente das folhosas cultivadas em sistemas protegidos. Os produtores realizam transplante e a colheita de folhosas, como alface, rúcula e almeirão. Brócolis está em colheita e apresenta boa aparência e tamanho. É realizado o preparo do solo e a definição das variedades para iniciar os cultivos de tomate, feijão-de-vagem, pepino, entre outros. As mudas de tomate, pimentão e pepino também estão sendo preparadas. A comercialização dos produtos ocorre não somente em feira do produtor, mas também para mercados locais, restaurantes e diretamente aos consumidores.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
Os plantios refeitos após as chuvas intensas de maio apresentaram boa emergência e estabelecimento inicial. As forrageiras emitiram mais perfilhos, e a rebrota foi mais rápida, reduzindo o tempo de retorno dos animais aos pastos. Em alguns locais, os produtores já estão preparando áreas para a semeadura das forrageiras anuais de verão. As pastagens nativas continuam com baixa capacidade de suporte, influenciadas pelo clima adverso e altas lotações. Apesar de boa radiação solar e temperaturas elevadas atípicas para o inverno, observa-se rebrote limitado devido à falta de umidade, às geadas que queimaram as plantas, ou ao pastejo intenso.
BOVINOCULTURA DE CORTE – O rebanho bovino segue perdendo condição corporal em razão da baixa oferta de pastagens cultivadas e de campo nativo, que estão com extrato baixo, limitando a quantidade e a qualidade do alimento necessário para atender às necessidades dos animais. O período de parição continua, mas os produtores continuam preocupados com as condições corporais das matrizes, que seguem em queda constante nos últimos meses. Esse cenário pode trazer prejuízos tanto para os terneiros quanto para a nova temporada reprodutiva, que começa na primavera e se estende ao longo do verão. A diminuição na infestação por carrapato tem sido observada. O bem-estar dos animais foi favorecido pelas temperaturas amenas e pelo tempo mais seco e ensolarado.
MELIPONICULTURA – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, as temperaturas elevadas beneficiaram a movimentação das abelhas sem ferrão, que saíram em busca de recursos para as colmeias, especialmente nas floradas de pitangueira, amoreira, pata-de-vaca, entre outras espécies, que, devido ao frio alternado com períodos de calor, anteciparam o florescimento. Foi realizada a alimentação artificial de algumas espécies, para não comprometer a sobrevivência. A demanda por mel de abelhas sem ferrão (ASF) continua alta, sendo comercializado na região com preços variando de R$ 80,00 a R$ 100,00 por kg.
PESCA ARTESANAL – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, a pesca na Lagoa dos Patos continua em defeso. Em Jaguarão, os níveis de água do Rio Jaguarão e da Lagoa Mirim permanecem altos, e os pescadores relatam pouca quantidade de peixe. Em Rio Grande, os pescadores estão retornando às suas atividades normais. A situação da pesca artesanal nas comunidades pesqueiras de Pelotas continua preocupante, e algumas famílias ainda estão em abrigos. Em Santa Vitória do Palmar, a situação também é grave, pois há famílias sem comercialização e sem renda da atividade pesqueira.