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Vestígio da redução de San Luís é encontrado em escavação arqueológica no centro de São Luiz Gonzaga

Durante escavações realizadas em um terreno localizado na Avenida Senador Pinheiro Machado, na área central de São Luiz Gonzaga, a equipe do Museu Arqueológico (MARQ) encontrou, no último dia 11 de junho, um importante vestígio histórico da redução de San Luís: uma pequena tigela guarani denominada “Camuchí Caguabá”, confeccionada por indígenas que habitaram a região durante o período jesuítico-guarani.

A atividade é coordenada pela arqueóloga Raquel Rech, vinculada à Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, e integra o processo de resgate arqueológico que antecede a liberação para obras em áreas com potencial histórico. O objeto encontrado fará parte do novo acervo do Museu Arqueológico, atualmente em fase de preparação para reforma e revitalização, com recursos de R$ 1,94 milhão oriundos do Fundo Pró-Missões RS, cujo convênio foi assinado recentemente no Palácio Piratini, em Porto Alegre.

As escavações fazem parte do protocolo exigido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e envolvem não apenas a coleta de artefatos, mas também o mapeamento de estruturas arquitetônicas que possam ter permanecido sob o solo. De acordo com Raquel, os trabalhos seguem até o final de junho, embora as chuvas prolongadas tenham dificultado o andamento das escavações.

A arqueóloga explica que o laudo resultante das pesquisas será encaminhado ao IPHAN, que analisará as informações e emitirá a anuência necessária para o início das obras no local. A intervenção arqueológica, conforme esclarece, não impede o avanço das construções, exceto em casos onde forem identificados vestígios de excepcional valor, situação que pode exigir a criação de uma janela arqueológica integrada ao projeto arquitetônico.

“O mapeamento e o resgate dos vestígios são medidas de preservação da nossa história. Na maioria dos casos, após a emissão da anuência pelo IPHAN, as obras podem ser realizadas normalmente”, destacou a arqueóloga.

Atualmente, o Museu Arqueológico funciona de forma provisória em uma sala no Centro Cultural Frei Armando Seibert, já que sua sede, localizada na antiga estação férrea do município, foi severamente danificada pela microexplosão climática ocorrida em junho de 2023. Com as obras de reforma previstas para iniciarem no segundo semestre, a expectativa é de que a nova estrutura do MARQ esteja concluída até 2026, ano que marca os 400 anos das reduções jesuíticas guaranis.

A descoberta do artefato reforça a importância de São Luiz Gonzaga como um dos polos históricos da herança missioneira, e reafirma o papel do MARQ na preservação, valorização e divulgação do patrimônio arqueológico e cultural da região.