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Propriedades da região de Santa Rosa recebem acompanhamento da Extensão Rural na área do leite

Propriedades voltadas à atividade leiteira, de 35 municípios da região de Santa Rosa, são acompanhadas pela Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) como Unidades de Referência Tecnólogicas (URTs). Com base nas informações coletadas nestas propriedades é possível orientar melhores as decisões adotadas em sua gestão, assim como gerar resultados que podem contribuir com propostas a outras famílias que se dedicam à atividade leiteira.

Segundo o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar Jorge João Lunardi, a metodologia das URTs permite o acompanhamento de aspectos como sistemas de produção e nutrição (sendo a maioria focado em pastagens), sanidade e qualidade do rebanho, produção e produtividade, rentabilidade, qualidade do leite, custos de produção e resultados econômicos e sociais.

Um exemplo é da URT acompanhada na propriedade da família Kroth, localizada na Linha Fátima, interior de Nova Candelária. Através do acompanhamento de Aters realizado desde 2022, se busca identificar possibilidades de mudanças e melhorias na produção do leite, bem como nos aspectos que condizem à renda, gestão e ao bem-estar nesta propriedade.

O local é uma URT, onde vivem duas famílias que desempenham as atividades de produção do leite: de José e Marli Kroth (pai e mãe) e de Fábio (filho) e Carine Kroth, que vivem com os filhos Leonardo e Lorenzo. Todos os adultos se envolvem no manejo e compartilham a área, maquinário e rebanho. Assim como as tarefas e infraestrutura, despesas e lucros são divididos de igual forma.

Para que isso seja possível, é necessário um controle das despesas e das receitas da atividade. “É importante que se tenha o controle, com o refinamento de informações gerenciais e indicadores técnicos, para que as famílias possam qualificar suas decisões, especialmente em relação aos recursos que são investidos na propriedade e as sobras que possam ser aproveitadas na manutenção familiar e em seu bem-estar”, destaca o extensionista da Emater/RS-Ascar Elir Paulo Pasquetti, que acompanha a URT.

O custo de produção, a área disponível e a sanidade do rebanho influenciam nas decisões de o sistema de produção adotado na propriedade ser à base de pasto. “O sistema de produção adotado não visa a maximização da produção por animal, mas sim a renda nela obtida, com maior volume de sobras”, acrescenta Pasquetti.

A alimentação do rebanho é realizada com pastagens perenes de verão, com as espécies de pastagem Tifton 85, Capim Aires e Brachiaria Convert. No período de inverno, na grama Tifton 85 é feita a sobressemeadura de azevém. As pastagens de inverno são compostas basicamente por aveia preta, aveia branca e azevém. Também é feita complementação com silagem de milho, feno e ração concentrada, conforme necessário.

O total de vacas em lactação varia em função do número total de matrizes, da necessidade de descartes e das novilhas que entram em produção. Em média, mantém-se 42 vacas em lactação e se tem buscado um melhoramento em sua genética.

Em 2023 foram descartadas da atividade seis vacas, o que além de melhorar o plantel, permitiu uma renda extra com sua comercialização. Ao mesmo tempo, sete novilhas entraram em produção, aumentando uma vaca na média do rebanho. Os produtores perceberam um aumento de 7,64% no volume de produção passando de 238.505 litros, em 2022, para 256.713 litros no ano de 2023. Esse acréscimo na produção está relacionado ao número de vacas em produção e à produtividade por animal.

Constatou-se também a tendência de a produção ser menor no primeiro semestre, com um aumento significativo no segundo. Junto a esse contexto, a interferência do número de matrizes em produção e das condições climáticas na produção de alimentação e no conforto animal nos diferentes meses do ano.

Houve evoluções importantes nos últimos anos, com o acesso a políticas públicas, a exemplo do Pronaf Investimento e Custei Agrícola e Pecuário, a construção de um açude através do Programa Avançar RS da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), bem como o apoio de políticas municipais de incentivo à produção de leite.

Como em qualquer propriedade, ainda há desafios a serem atendidos e ajustes a serem realizados. Mesmo com o aumento da produção no segundo semestre, as receitas caíram diante da redução do preço pago pelo litro de leite, com maior destaque para o ano de 2023.

Em relação à qualidade do leite são atingidos índices favoráveis em relação à contagem bacteriana, proteína e gordura. A estabilidade da Contagem de Células Somáticas (CCS) é um desafio, uma vez que envolve aspectos como a sanidade animal, a nutrição e fatores ambientais, entre outros. Contudo, a busca é por melhorias neste índice, uma vez que impacta na produtividade animal e no preço do leite comercializado.

Crédito das fotos: Fábio Kroth