Fronteira Noroeste

La Niña fraca deve marcar clima nos próximos três meses

A ocorrência de um La Niña de fraca intensidade, com chuvas ligeiramente abaixo da média histórica, deve marcar o clima nos meses de outubro, novembro e dezembro. É o que aponta o Boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Apesar do prognóstico de chuvas abaixo da média no trimestre, o mês de outubro poderá ter chuva acima da média, especialmente na metade norte do Rio Grande do Sul. Durante o mês, a temperatura também poderá ficar abaixo da média, com chances de geada tardia e maior risco de granizo.

Os meses de novembro e dezembro devem ter chuvas abaixo do normal para o período, com as temperaturas máximas elevadas e possíveis ondas de calor.

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 16 entidades estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.

CULTURAS DE OUTONO-INVERNO PRODUTORAS DE GRÃOS

– Considerando o prognóstico de precipitações ligeiramente acima do normal no mês de outubro seguir monitorando a ocorrência de doenças e incidência de pragas, bem como observar se há necessidade de aplicações de defensivos agrícolas;

– Acompanhar a previsão do tempo e estar preparado para colheita assim que os grãos atingirem a maturação.

ARROZ

– Apesar da condição dos reservatórios estarem com suas capacidades próximas ao máximo os produtores devem manter a atenção para questão da captação e armazenamento de água para próxima safra considerando a probabilidade de chuvas abaixo da média em novembro e dezembro;

– Dentro do possível, dar continuidade à adequação das áreas destinadas à lavoura na próxima safra, principalmente às atividades de preparo e sistematização do solo, para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, para aproveitar as melhores condições de disponibilidade radiação solar;

– Escalonar a época de semeadura de acordo com o ciclo da cultivar, primeiro as de ciclo longo, seguidos das de ciclo médio e precoce;

– Para semeaduras até meados de outubro, quando a temperatura do solo for baixa, atentar para que a profundidade da semeadura não seja superior a dois centímetros, a fim de evitar redução no estande de plantas e a consequente desuniformidade no estabelecimento inicial da cultura.

CULTURAS DE PRIMAVERA-VERÃO PRODUTORAS DE GRÃOS

– Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação para minimizar eventuais perdas em função de deficiência hídrica no período crítico, sempre respeitando o zoneamento agrícola;

– Para cultura de milho e feijão iniciar a semeadura quando a temperatura do solo, a 5 cm de profundidade, estiver acima de 16°C e houver umidade adequada do solo;

– Para cultura da soja somente iniciar a semeadura quando houver umidade adequada do solo, atentando para o zoneamento, vazio sanitário e calendário de semeadura;

– Considerando o prognóstico de chuvas abaixo da média em novembro/dezembro, dar atenção ao manejo de irrigação das culturas;

– Para o cultivo em terras baixas adotar o sistema de sulco-camalhão para manejo da drenagem/irrigação;

– Atentar para o controle de pragas no milho, especialmente a cigarrinha.

HORTALIÇAS

– Indica-se a produção de mudas em ambiente protegido no sentido de garantir a sua qualidade;

– Quando necessário irrigar, proceder pela manhã, priorizando à irrigação por gotejamento;

– Para cultivos em ambiente protegido (túneis e estufas), realizar o fechamento ao final do dia e proceder à abertura pela manhã o mais cedo possível no lado contrário ao vento, evitando aumento excessivo da umidade relativa e da temperatura do ar no ambiente interno dos abrigos;

– Dar ênfase ao monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo.

FRUTICULTURA

– Preservar a cobertura verde nos pomares seja por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, especialmente para proteção do solo, evitando a erosão e perdas de solo e nutrientes;

– Recomenda-se a prática do raleio para ajuste da carga de frutos, conforme as orientações técnicas de cada região/cultivar, para garantir o desenvolvimento adequado dos frutos;

– Em função do prognostico de chuvas ligeiramente acima da média em outubro seguir o manejo fitossanitário recomendado para as culturas, com atenção especial a doenças fúngicas;

– Considerando os prognósticos de chuva abaixo da média em novembro/dezembro, dar atenção principalmente à incidência de pragas. Com a primavera mais seca, recomenda-se uma maior atenção no monitoramento e controle de ácaros, evitando inseticidas pouco seletivos que afetam os inimigos naturais destes insetos. Importante também o monitoramento de moscas-das-frutas, adotando o uso de iscas tóxicas;

– Considerando o prognóstico de chuva abaixo da média, no estabelecimento de novos pomares deve ser prevista irrigação para evitar a perda de mudas;

– Em áreas identificadas com solo compactado, principalmente onde foi necessário fluxo acima do normal de máquinas para o manejo fitossanitário da safra anterior, estabelecer medidas para descompactação dos solos em pomares de macieira;

– Investir em sistemas de proteção antigranizo, como telas antigranizo, e/ou seguro agrícola;

– Em função do prognóstico de maior risco de ocorrência de granizo, especialmente em outubro, recomenda-se adotar o manejo usual do dossel vegetativo em relação a podas e aplicações de defensivos químicos, em caso de danos severos para não comprometer a produção da safra seguinte.

SILVICULTURA

– Adequar o manejo florestal, considerando a possibilidade de precipitação pluvial abaixo da média climatológica;

– Em povoamentos florestais, deve ser evitada a adubação mineral ou orgânica com elevadas concentrações de nitrogênio;

– Para produção de mudas florestais em céu aberto, caso o viveirista tenha necessidade de aplicar fertilizantes, deve aumentar a relação potássio/nitrogênio da formulação mais indicada para cada espécie e estádio;

– Caso o produtor florestal tenha necessidade de realizar o plantio no trimestre outubro/novembro/dezembro, as mudas florestais devem apresentar um sistema radicular bem formado, para garantir maior sobrevivência no campo.

PASTAGENS E PRODUÇÃO ANIMAL

– Considerando o prognóstico de precipitação abaixo da média climatológica, a partir do mês de novembro, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, ajuste da lotação animal conforme o crescimento da pastagem para otimizar os recursos disponíveis;

– Indica-se manter a lotação animal reduzida nas pastagens de azevém, pois essa ação garantirá uma ressemeadura natural eficiente para o próximo ano, preservando a quantidade e a qualidade do azevém;

– Escalonar os períodos de plantio/semeadura das pastagens cultivadas no verão utilizando mudas/sementes de alto vigor, para garantir um crescimento uniforme;

– Indica-se fazer silagem/feno de cultivos e pastagens de inverno, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes, tendo em vista que o prognóstico de precipitação abaixo da média climatológica pode afetar o crescimento e desenvolvimento das pastagens.