As perspectivas climáticas, tema fundamental para as decisões em relação ao setor agropecuário, e o manejo da cigarrinha do milho, uma das principais preocupações dos produtores do grão na região, foram abordados em painel realizado em Santa Rosa, nesta terça-feira (09/07). Agricultores, técnicos e estudantes de mais de 40 municípios participaram do evento promovido pela Emater/RS-Ascar em parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), no auditório da Unijuí.
Os temas correlatos impactam diretamente no desenvolvimento da região, com sua economia baseada no setor primário, que impacta todos os demais segmentos, desde a indústria e o comércio até os serviços.
Clima
As perspectivas climáticas apresentadas pelo meteorologista da Seapi, Flávio Varone, apontam para um inverno com tendência de chuva próxima da normalidade e temperaturas inferiores à média. Já os modelos indicam atenção para a primavera, com previsão de La Niña no segundo semestre, chuva inferior à normalidade entre outubro e novembro e projeção de temperaturas mais baixas.
As previsões de precipitação e os prognósticos climáticos trimestrais são atualizados e disponibilizados à sociedade, de modo especial aos produtores rurais, no site www.simagro.rs.gov.br.
Manejo da Cigarrinha
O manejo da cigarrinha do milho foi abordado pelo extensionista do Escritório Central da Emater/RS-Ascar, de Porto Alegre, engenheiro agrônomo Élder Dal Prá. As informações ganham relevância na região de Santa Rosa, maior produtora do grão no Rio Grande do Sul, com mais de 138 mil hectares implantados na última safra.
A cigarrinha tem se mostrado uma das principais preocupações. As fêmeas podem depositar cerca de 14 ovos por dia. Isso significa que podem colocar de 400 a 600 ovos em sua vida adulta, o que ajuda a explicar a rápida proliferação.
A ação direta da cigarrinha do milho sobre lavouras, com morte de plantas jovens e redução do desenvolvimento da parte aérea e radicular, decorre da sucção da seiva pelo inseto, ação tóxica de sua saliva e em função da excreção, que favorece o desenvolvimento de fungos sobre as folhas. Os danos diretos, contudo, causam prejuízos somente em casos de altas infestações de cigarrinhas nas lavouras.
Os maiores prejuízos para as plantas de milho estão relacionados à transmissão, pela cigarrinha, de microrganismos que transmitem doenças do chamado complexo do enfezamento (enfezamento pálido, enfezamento vermelho e risca do milho). Ao se alimentar de plantas de milho infectadas pelas doenças, a cigarrinha se torna vetor destes patógenos.
A combinação do manejo químico e biológico, adequação das tecnologias de aplicação a ambiente adequado e utilização de gotas finas, período e horário de aplicação, bem como rotação de grupos químicos também estiveram em pauta. Dal Prá lembrou ainda da importância de práticas como a eliminação de plantas voluntárias remanescentes de lavouras anteriores, uso de cultivares de milho tolerantes, sincronização da época de semeadura, realização do tratamento de sementes com inseticidas, aplicação de inseticidas de acordo com a incidência da praga, associação de inseticidas químicos e biológicos e atenção ao contexto para evitar semeaduras vizinhas às lavouras com alta incidência das doenças.